O que a ansiedade e a depressão têm em comum? Imagina um cãozinho.

O cãozinho tem 2 razões pra fazer as coisas que faz: se aproximar das coisas que quer e se afastar das coisas que não quer. Ele vai na direção da comida, das pessoas que fazem carinho nele, dos brinquedos que aprendeu a brincar e por aí vai. Ele foge de situações que são perigosas pra ele, como pessoas que maltrataram ele, buracos onde ele caiu, cachorros maiores que morderam ele e por aí vai. Das 2 formas ele consegue o que quer. Mas a “saúde mental” do cãozinho é determinada pelo equilíbrio entre essas 2 formas de conseguir o que ele quer. Se ele só fugir das coisas que não quer, ele vai sentir um alívio sempre que conseguir, mas um cãozinho não vive (nem sobrevive) só de alívios. Ele precisa de recompensas através de ações na direção do que importa pra ele, senão ele vai ficar alerta ou passivo o tempo inteiro.

Agora, acrescenta um nível grande de complexidade do ser humano (linguagem, cognição, cultura etc). A gente foge não só das situações que a gente não quer; a gente foge também dos nossos próprios pensamentos e sentimentos. A gente se importa com coisas como liberdade, igualdade e fraternidade, com nosso propósito, com como criar o céu na Terra e por aí vai.

O denominador em comum da ansiedade e depressão é que quando sofremos dessas condições, o nosso repertório comportamental fica igual ao do cãozinho que só foge. A ansiedade e depressão são caracterizadas pela rigidez psicológica, com a gente fugindo dos pensamentos, sentimentos, sensações, impulsos etc. Tanto o ansioso quanto deprimido são dominados por um padrão evitativo de comportamento dominante (“esquiva experiencial”); eles fogem tanto das experiências que não querem sentir, que deixam de lado o que importa pra eles.

Nesse sentido, somos bastante parecidos com os cãezinhos: só fugir causa um desequilíbrio mental / comportamental. Pra vivermos uma vida valorizada, não podemos só fugir, temos que agir em direção do que importa pra nós, mesmo quando isso é difícil por causa das nossas experiências internas indesejáveis. Isso é a flexibilidade psicológica. Isso é a liberdade mental.

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